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domingo, 3 de junho de 2012

Robert Wilson? Uma sensibilidade poética e uma generosa estética.


Protocolo do Módulo Robert Wilson por Rodrigo Loboda Biondi

Robert Wilson? Perguntei-me quando fui proposto a criar e desenvolver um Roteiro Ideal. Criei e desenvolvi a partir dos meus conceitos, referências, vivências cênicas e do queria naquele momento. Aí está:

                       

                      

Logo que entreguei o Roteiro Ideal ao Professor Marcos Bulhões, sempre com a espera da aprovação ou da rejeição, “conheci” Robert Wilson, assistindo pela primeira vez o documentário Absolute Wilson, de Katharina Otto-Bernstein. “Ufa...” (pensei). A exibição acabou e o professor nos orientou a avaliarmos os nossos roteiros no término do módulo Bob Wilson. Provocando-nos a emparelhar Robert Wilson e todos os seus procedimentos criativos. Que prazer em conhecer um encenador que acredita na luta, também minha, de se construir como artista, encenador e educador.
“Chris não menti!”

“Ator é criador e não reprodutor.”

“Chris em cena? Porque não?”

Robert Wilson, em Absolute Wilson

Perceber um potencial poético e estético no que se pode encarar como simples demais ou até mesmo despercebido. Montar uma paisagem cênica justapondo todas as linguagens da arte, tanto como arte total como simultaneísmo. Propor ao público, ao espectador, a participação, a possibilidade de tornar-se parte da paisagem ou simplesmente admirá-la e relaxar.  Legados que Robert Wilson deixa e se provoca a fazer de maneira madura e legítima, como constatei em suas bem-humoradas histórias, contadas por ele mesmo na abertura da exibição do documentário Absolute Wilson, no CINESESC, São Paulo, SP. O documentário de novo? Porque não?
Aliás, sempre que possível! Ainda com o próprio Robert Wilson apresentando, não pude deixar de vivenciar esse momento propício ao estudo e muito especial.


 


Um presente! Ver e constatar a simplicidade e generosidade de um encenador renomado mundialmente! Mais uma vez Bob Wilson criou uma paisagem. Espero que todos que possam ver a admirem e a recriem; que entendam que o fazer artístico está no querer de um ser humano sensível e não burocrático.

Portanto fomos à prática provocadora nas aulas do Professor Bulhões. Propôs-nos mais dois roteiros cênicos, desta vez a partir dos procedimentos criativos de Bob e de um recorte ou quadro poético e estético de alguma obra do mesmo. E ainda nos ofereceu a oportunidade de expor esses roteiros a todo o grupo que foi subdividido para que criassem um experimento cênico fundamentado em todos os roteiros e conceitos até aqui discutidos. Resultados que geraram discussões e imagens poéticas. Foi aí, que assumi o experimento, também dos meus alunos, “não-atores”. Alunos “especiais” da APAE de Várzea Paulista que experimentaram e experimentam em seus ensaios e performances procedimentos pedagógicos de criação de Bob Wilson, como a simultaneidade, repetição e a dilatação do tempo e do movimento, sempre como performances e não personagens, ou seja, sempre fazendo parte de uma natureza única e não como destaque da mesma. Caminhos para um teatro pós-antropocêntrico e performise (junção das palavras “perfomance” e “mise em scène”, segundo Bernard Dort). Aqui estão alguns experimentos com meus alunos “não-atores”:

                           
                                         Ensaio com alunas da Terceira Idade, abril de 2012


Performance “Água”, maio 2012


Performance “Água”, maio 2012


Performance “Água”, maio 2012


E hoje, no dia em que finalizo o meu protocolo, me deparo com a entrevista de Marina Person comRobert Wilson, veiculada pelo programa Metrópolis da TV CULTURA. Coincidência? Prefiro encarar como uma sincronicidade de Bob Wilson.

Foi um prazer conhecê-lo!

Rodrigo Loboda Biondi




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