Adão Freire Monteiro
Encenações em Jogo: experimentos de criação e aprendizagem
do teatro contemporâneo
Prof. Dr. Marcos
Aurélio Bulhões Martins.
Protocolo Bob Wilson
Agora só um minuto tente escutar.
Bob Wilson.
Encontro,
jogo, exposição, novidade? Sim, no jeito de um olhar novo. Essas são impressões
de um primeiro contato com a poética criativa de RobertWilson.
O
que parecia tão distante, a proximidade só existia na leitura, se fez presença
e referência em aulas expositivas, táteis e comtemplativas. Nos foi apresentado
um vocabulário onde aprendemos a decodificar mais uma forma de fazer teatro, ou
melhor, fazer arte.
Da
sala de aula, ou melhor, do teatro de aula ao teatro espetáculo, e mais próximo
ainda ele, Bob Wilson em A Última Gravação de Kraap, texto de Samuel Beckett, e leitores...nós.
(...) Não conhecia tamanho silêncio. A terra podia estar dsabitada.
(...)
BECKETT, Samuel.
Damaticidades,
ou não, à parte, o teatro precisa de silêncio, silêncio, silêncio, para
escutarmos o mundo, o homem, as coisas. Bob Wilson faz isso muito bem ao nos
deixar vagar por algum tempo na sua estrutura, na sua sala ou escritório. Nos
permite ver ao redor, bisbilhotar um pouco antes que o anfitrião chegue. E ele
chega e é um arauto das boas novas e
velhas de Beckett.
O
teatro ao longuíssimo tempo seu, passou por eras de autores, atores,
cenógrafos, iluminadores, críticos e gira o comboio de corda... Creio que chegamos na
estação do espectador. Algumas obras, pós pós pós, deixam até mesmo pro
espectador não mais contemplá-la, compô-la, mas criá-la. Em teatros de espaços
vazios, em danças epiléticas, músicas de silêncios, quadros em branco. E o
espectador não entende a obra, mas seu papel, que foi-lhe espontaneamente
imposto.
Nós,
espectadores, precisamos de armas para esta batalha. Na cadeira da
pós...graduação, alguns poucos nós, tatiamos a cartilha Bob Wilson e
conseguimos adentrar neste mundo pós...dramático. coloco pós reticências
dramático, de caso pensado, pois essa discussão dá pano pra manga, e este pano
estamos tecendo juntos.
Ler-jogar-ver-encenar
Bob Wilson foi uma experiêcia artístico-pedagógica incrível. Uma experiência
que nos tira do silêncio incomunicável e nos coloca numa comunicação viva.
Reflito agora sobre o silêncio das obras, dos corpos, esse vazio que nos cabe.
(...) Kraap fica imóvel, olhos fitos no vazio. A fita continua a
desenrolar-se em silêncio.
BECKETT, Samuel.
COMEÇO, MEIO E FIM?
Roteiro Livre
Criamos um
roteiro livre, o qual gostaríamos de
vê-lo posto em cena. Meu roteiro partiu do conto: O Homem de Cabeça de Papelão,
de João do Rio.
Selecionamos
três imagens:
Acrescentamos
descrições da cena, luz, sonoplastia...compartilhamos os roteiros em turma.
Esse processo de elaboração foi bem interessante e didático para nós,
professores, propormos cenas, criar e analizar essas cenas, com imagens
trazidas pelos alunos. À partir do roteiro livre, passamos a adentrar o
universo Bob Wilson...
Roteiro a partir de Bob Wilson
Com
as leituras que já estávamos fazendo sobre Robert Wilson, teatro performativo, teatro pós-dramático, foi-nos
proposto uma criação de um roteiro a partir de imagens, descrição de cena,
motivo de criação, do contexto Bobwilsiano...
Trabalhei
com a proposta de tempo colocada nas
criações do diretor. Parti da imagem de uma cena do vídeo: Shakespeares Sonette - Sonett 66. Os atores
sentados nas cadeiras me remeteram ao tempo que “gastamos” sentados esperando,
ou diante da tv. O tempo da tv que nos é imposto e nos condiciona...
Quem
lança informações para quem? De quem é o tempo? Humanos, máquinas...quem está
fora do ar? Essas foram minhas indagações para uma uma cena.
Em
uma outra etapa, prática em aula, jogamos com procedimentos de Bob Wilson e
trabalhamos com cenas elaboras a partir do roteiro. Interagimos com cenas e
roteiros de outros e propusemos cenas, que foram expostas já com figurinos, luz
, som e ação. Ver vídeo. Na junção com outros roteiros, perde-se elementos e ganha-se informações, por exemplo nossa cadeira e tv que metaforizavam o tempo, desaparece enquanto praticáveis e aprofundamos em imagens que simbolizassem sacrifício, doação e tempo.
Adão Freire Monteiro
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