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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Somando Ideias


Somando Ideias

Protocolo Bob Wilson

                                                                                                         Martha Travassos

“Enquanto instrumento de avaliação, o protocolo tem sem dúvida a função de registro, assumindo não raramente o caráter de depoimento. Não reside aí, porém, a sua função mais nobre. (...) Ao almejar como função mais nobre dar conta do caráter estético do experimento com o modelo de ação (imagem e/ou texto), o protocolo promove a dialética como método de pensamento.” – Ingrid Koudela


Um Exercício que criou novas possibilidades de vida sobrepujando a ordem. Mais que uma experiência estética: Uma vivência libertadora.
Conjuga precisão/desvio, rigor, estranhamento, temporalidade incomodas, arranjos que agregam simplicidade e caos. Utilização de recursos de luz, projeção de imagens e música.
Reunidos em uma roda cada um teve seu momento de expressão. Cada idéia foi ouvida e editada em uma só composição. Essa foi a nossa experiência como atores performáticos no exercício do Bob Wilson.

Nossa diretora criou uma moldura e definiu a luz e o espaço. Escolheu a música como elemento matemático que regeu nossos movimentos e estruturou o tempo.

“Quando dirijo um trabalho eu crio uma estrutura no tempo. Quando finalmente todos os elementos visuais estão no seu lugar, eu criei uma moldura para os performers preencherem.”- Bob Wilson

Nossas criações estavam lá preenchidas:
- Texto: “Os cavalinhos correndo e nós cavalões comendo”. Foi falado, fragmentado e cantado.
- A construção de um castelo de sapatos
- O barbeador frenético
- A mulher tendo o cabelo trançado por duas outras. Todas com os olhos vendados.
- A imagem da praia e o do açougue.

Sons e imagens sendo mesclados na tentativa de mostrar o ritual, o belo, o estranho e o mórbido. Usamos os procedimentos como da repetição, ritmo variado (lento e rápido), pausas, gestos hieráticos precisos e cenas simultâneas. 

“Surpreendido, abalado, sensorialmente seduzido ou mesmo hipnotizado, o espectador nas performances de Bob Wilson, experimenta AA passagem do tempo... O tempo cristaliza e transforma o que é percebido: O objeto visual sobre o palco parece acumular tempo nele mesmo... O teatro se assemelha a uma escultura cinética, torna-se escultura do tampo.”
- LEHMANN

“O teatro de Wilson é um teatro das metamorfoses... Da ação a transformação.”A metamorfose combina, assim como a máquina deleuziana, realidades heterogenias, mil platôs e correntes de energia.”
 - LEHMANN

Como arte-educadora penso na metodologia que pode ser aplicada aos alunos através dos exercícios do Bob Wilson.

Princípios a serem considerados pelo exercício:

-A fonte de toda a atividade está nas ações e atitudes impulsivas dos seres humanos. É através do impulso que expulsamos nossa força criativa.
-As atividades de expressão liberam a personalidade pela espontaneidade e formam-se pela cultura.
-As atividades artísticas permitem auto-expressão explorando todas
as formas de comunicação humana.
-Somente num clima de liberdade, podemos liberar nossas potencialidades afetivas intelectuais e físicas.
-As atividades de expressão inscrevem-se num contexto contemporâneo e social.
-O meio natural de estudo é através do jogo. O aluno aprende na prática.

Prática Ativa
Difícil tarefa de não buscar significados e enxergar o exercício com olhos de uma criança que são livres de julgamentos e abrir os canais para todas as possibilidades de troca.
Todas as atividades de expressão demandam a solução de problemas que estimularam a descoberta através da ação. Desenvolvendo a capacidade de relacionamento social, espontaneidade, imaginação, observação e percepção.

Coletiva
Nesse processo foi evidenciada a vontade e necessidade de criação coletiva. Foi testada nossa capacidade de respeitar o desejo coletivo de somar as experiências e projetos individuais.
Dimensão de grupo possibilitando a descoberta de si próprio e do outro e do mundo em que rodeia ampliando assim horizontes e repertórios.

Global
As atividades de expressão são multidisciplinares criando relações com elementos cênicos como música, projeção de vídeo, luz e artes plásticas. Valorizando assim a paisagem cênica de todo o conjunto. Entretanto nenhuma destas artes se sobrepujam as outras, elas se sobrepõem e se completam como peças de uma engrenagem única, no desejo espontâneo de expressar-se.
A composição final foi surpreendentemente edificante onde olhos e ouvidos saltaram com o resultado obtido com a limpeza de cena em tão poucas horas de preparação.

 Voluntária
Todos estavam de comum acordo com as atividades que iam exercer.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Brecht na pós-modernidade. São Paulo: perspectiva, 2001, p. 86-93
REVERBAL, Olga. Jogos teatrais na escola. Editora Scipione
LEHMANN, Teatro Pós-Dramático


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